Inicial / Brasil / Pastor da Igreja Internacional recebia propina para abençoar investigados da Lava-jato

Pastor da Igreja Internacional recebia propina para abençoar investigados da Lava-jato

ana-tempApós início da 17ª fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu nesta tarde Anacleto Oliveira, bispo do alto escalão da Igreja Internacional, um dos maiores conglomerados religiosos do Brasil. Com base em escutas autorizadas pela justiça, a investigação apontou que Anacleto era responsável pela parte burocrática divina do desvio de dinheiro das estatais e das fraudes licitatórias. “Vários dos envolvidos no esquema eram cristãos, então eventualmente no momento de desviar o dinheiro a culpa e o remorso os atingiam. O pastor (Anacleto) era o responsável por intermediar o perdão do Altíssimo mediante o repasse de 10% através do dízimo”, disse o delegado responsável pela prisão, Adalberto Machado. Durante as investigações, mais situações curiosas foram se desenrolando. Entre elas a da filial da Igreja Internacional da pequena cidade de Cascatinha do Norte, no estado de Rondônia. Em doze meses de operação a pequena congregação conseguiu arrebanhar um lucro de quase R$ 13 milhões mensais, arrecadada através do dízimo pontual de seus 16 mil fiéis.

Seria uma situação nada inusitada se a população da cidade não fosse de 117 habitantes, de acordo com o último Censo (2010). Outro fato que chamou a atenção dos investigadores foi o fato de Anacleto possuir também um posto de gasolina um tanto quanto lucrativo nesta pequena cidade. Um cálculo realizado pelos investigadores constatou que a compra e venda de combustível do posto na cidade atingiu o valor recorde de 354 barris de petróleo per capita, superior ao dos Estados Unidos (61) e Arábia Saudita (100), alguns dos maiores consumidores mundiais. A situação já seria inusitada na realidade, mas torna-se ainda menos plausível quando se percebe que a maioria dos moradores de Cascatinha do Norte não possui veículo motorizado, optando pelo uso de carroças tracionadas por animais. Em nota através de sua assessoria, o pastor Anacleto Oliveira afirmou não ter muitas preocupações com o caso, pois afirma que “ninguém tocará em um ungido pelo Espírito Santo” e aponta o fato de o juiz responsável pela investigação ser membro de sua congregação cristã.

Apesar de cristão e se declarar contra a violência, Anacleto comentou que “caso não venha a ser solto rapidamente, irá pedir aos seus assessores para levarem os nomes dos policias que o prenderam para uma casa espírita”. Neste local eles pediriam para os pais de santos criarem uma “macumbaria satânica (sic) pedindo a morte dos policiais”. A ameaça não assustou as autoridades, já que ameaçar de fazer macumba não é considerado crime de acordo com o Código Penal Brasileiro. Por isto os mesmos não poderiam tomar atitudes após a declaração do Bispo.

Por se tratar de ser uma autoridade religiosa, agora cabe ao STF decidir se autoriza a continuidade da prisão de Anacleto ou se o mesmo deverá ser solto nos próximos dias. A Constituição Brasileira de 1988 prevê o tratamento especial para líderes religiosos considerados como autoridades, prevendo à eles foro privilegiado vitalício, direito a cela especial em caso de prisão e livre porte de armas.

Sobre Redação

Veja também

dízimo

Pastor vai à casa espirita e faz macumbaria contra fiel com dízimo atrasado

Tentando cobrar o dízimo atrasado de mais de um ano de um fiel da sua …

Deixe uma resposta